Em um chá de panela, em meio a zilhões de pessoas que cantavam, tocavam, recitavam poema ou tinham qualquer habilidade que eu não possuo, descobri que não tenho talento. E, depois da conclusão de um amigo, copiei a ideia, "vou dedicar meu tempo livre para descobrir algum talento".
domingo, 13 de março de 2016
Quatro fichas, três Brahmas e uma Glacial.
Acordei e decidi que hoje ia ficar na fossa, dessas que você cura com umas quatro fichas da Jukebox, três Brahmas e uma Glacial.
Pra essa noite comprei as quatro fichas, pedi uma cerveja e resolvi observar como todos reagiam a Elza Soares. Achei que convinha começar com aquela voz embargada, um apelo pro retorno e a vontade de recomeçar.
Me pareceu boa a ideia de recomeçar.
Pedi uma Brahma, talvez eu preferisse uma Antártica, mas a força do hábito me levou a Brahma.
Uma das lampadas estava queimada e a do fundo piscava.
A iluminação meio baixa combinava com aquelas paredes manchadas de poeira e uma leve camada de gordura, com os buracos da porta do banheiro, aquela asa de barata e com a avenida nem um pouco convidativa.
A música começou e os que estavam nas mesas ao lado começaram a se dar conta do que ouviam. Uma conversa calorosa na mesa do canto foi ficando mais frágil, o silêncio foi tomando forma, e aos poucos só se ouvia rouquidão.
Pensei que eu deveria ter colocado as cincos fichas em uma só música, assim como teria feito com meu fone de ouvido contemplando a paisagem a caminho do trabalho.
Mas ainda vira disritmia, a minha obsessão por retornos e o começo da Glacial gelada.
Domingo àquela hora ficava difícil desviar do gosto pelo sofrimento, da idealização do amor, de algumas canções do Roberto, e do fim das Brahmas.
Mas ficava fácil trocar todos os problemas da vida por um sofrimento, trinta reais e uma lágrima pendente no canto do olho direito que quase me faz acreditar que tudo aquilo é real.
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